sábado, 9 de maio de 2009

entras.
os teus passos nas minhas escadas.
a tua sombra na minha porta.
a tua roupa no meu chão.
o teu corpo na minha mesa.
a tua alma na minha cama.
voltas a entrar.
com os teus passos na minha vida.
com a tua sombra na minha mente.
com a tua roupa no meu dinheiro.
(que te despe sozinho)
com o teu corpo na minha boca faminta.
com a tua alma, que não tens.
e já não me vale de nada o desejo
já não me vale de nada o estojo das canetas antigas
e as rúbricas dedicadas a ti, pessoa sem alma,
porque já não existes onde te procuro.
fugiste sem deixar rasto, sem olhar para a frente...
onde eu estou à espera, olhando para trás,
nessa imensidão turva do ar denso que te separa de mim.
e já não me vale de nada lembrar o teu nome
porque não te chamo nunca.
já não me vale de nada escrever-te
porque não escrevo para ti, que não existes.
pedro torres
alucinando positivamente em casa desta gente - 2009

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